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Jaqueline M. Souza

Conheça mais do FRAPA: o primeiro festival de roteiro de cinema e televisão da América Latina chega


Entre os dias 4 e 6 de agosto, Porto Alegre será pela terceira vez cenário do FRAPA, Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre, o primeiro festival inteiramente voltado ao roteiro de cinema e televisão na América Latina.

Entre os convidados da 3° edição estão Fernando Castets (roteirista de O Filho da Noiva, Clube da Lua e Heleno), Pablo Stoll (roteirista e diretor de 25 Watts e Whisky ) e Renê Belmonte (roteirista de Se eu fosse você e Assalto ao Banco Central). Também estarão presentes em uma mesa de debate sobre os direitos dos roteiristas, Thiago Dottori, presidente da Autores de Cinema , Ricardo Hofstetter, presidente da Associação dos Roteiristas e o presidente da SBAT, Mario Sergio Medeiros – todas associações apoiadoras do FRAPA.

Primeira edição do FRAPA, em 2013. Da esquerda para direita: José Roberto Torero, Max Malmann, Leo Garcia, Renê Belmonte e Thiago Dottori. Foto de Juan Quintáns.

O festival contará com diversas atividades voltadas a roteiristas e profissionais da área como mesas de debate, workshops, master class, concurso de roteiro com pitchings para os finalistas, rodada de negócios e mostra competitiva de curtas.

Conversamos com Leo Garcia, idealizador e diretor-geral do FRAPA.

Como surgiu o FRAPA?

Eu comecei a trabalhar com roteiro há cerca de dez anos. No início eu tinha muita dificuldade em encontrar cursos, em chegar até as produtoras e até em encontrar outras pessoas que trabalhassem com roteiro. Por mais que o cenário tenha melhorado muito nesse meio tempo, ainda sentia que faltava algo. Eu frequento festivais e mercados há um bom tempo e sempre tive o sonho de participar de um evento que fosse focado em roteiro. Ao perceber que não existia um festival assim no Brasil (e nem na América Latina), resolvi que tentaria criar o nosso próprio festival. Conversei com alguns amigos produtores, inicialmente a Mariana Müller e o Pedro Guindani, que compraram a ideia e se associaram ao festival. Juntos e com a ajuda de muitos outros parceiros, realizamos as duas primeiras edições em um formato interessante, que evolui a cada edição. Não foi nada fácil, passamos por enormes dificuldades, mas já podemos dizer que se aproximando da terceira edição, o FRAPA é um sucesso e um evento que veio para ficar.

Quem é o público-alvo do festival?

O foco principal, é claro, são roteiristas, sejam eles estudantes, profissionais em início de carreira e também os mais experientes. Mas não queremos ser um evento exclusivo, de nicho, então cada vez mais estamos abrindo para as demais áreas do audiovisual. Sabemos que só com um bom roteiro não se faz um bom filme, é apenas o início de todo um longo processo. Então o FRAPA existe justamente para ajudarmos nesta ponte entre os diferentes profissionais. A Rodada de Negócios é um exemplo, ela não é só uma boa iniciativa para roteiristas inscreverem seus projetos, mas também para produtoras e canais receberem bons roteiros diretamente dos criadores e até uma maneira de descobrirem talentos e realizarem novas parcerias.

Qual o objetivo do projeto e quais resultados já foram alcançados com as primeiras edições?

Nosso objetivo com o FRAPA não é lucrar com o evento. A gente realiza um festival que julgamos essencial existir, que valorize o papel do roteirista. Queremos cada vez mais nos afirmamos como ponto crucial do roteiro audiovisual na América Latina, que os roteiristas se encontrem anualmente por aqui. Queremos discutir e pensar tendências. Queremos seguir trazendo convidados especiais e cada vez mais tentar buscar gente de fora do país, para aumentar este intercâmbio de ideias. Queremos ajudar os roteiristas a levarem seus projetos pra frente, auxiliando assim toda a cadeia audiovisual.

O que o FRAPA revelou a vocês sobre o mercado de roteiros no Brasil?

A cada edição a gente aprende coisas novas. Perceber que o festival cresceu rapidamente só com duas edições já é um alento que o mercado está realmente interessado na temática. Desde a implementação da lei das tvs pagas, o roteirista está na moda (ao mesmo tempo que existe essa lenda urbana que "faltam bons roteiristas no Brasil") . Quando eu comecei a trabalhar com roteiro há uns dez anos, muita gente dizia que eu iria morrer de fome, que não era possível sobreviver. Hoje em dia sabemos que o cenário é outro (digamos que um roteirista já pode pagar o café hehehehe). Falando sério, ainda não é fácil, há uma dependência de editais e concursos, poucos produtores gostam da ideia de investir dinheiro do próprio bolso nos roteiros, como se fosse algo que surgisse de uma geração espontânea, e não através de muito empenho e trabalho. Mas eu sou otimista, apesar da crise no país, afortunadamente o audiovisual ainda não foi afetado e o momento segue favorável. Mas os roteiristas, bem como o FRAPA, devem seguir tentando surfar nessa onda.

Qual a importância de um evento como o FRAPA fora do Eixo Rio-São Paulo?

É fundamental. Não é a toa que levamos “Porto Alegre” no nome. Vivemos em um país continental e quem trabalha no meio sabe o quão importante é a descentralização. Não vou dizer que é fácil realizar um evento desse porte no extremo sul do país, com certeza enfrentamos problemas que não teríamos caso fosse em São Paulo ou Rio. Mas nosso estado sempre teve um protagonismo importante no que diz respeito a escritores e também no caso roteiristas, se pegarmos por exemplo a geração da turma da Casa de Cinema de Porto Alegre. Vale ressaltar que este ano realizamos um Warm Up no Rio de Janeiro, uma mesa muito legal sobre roteiro em comédias, com convidados especiais e parceria com a TV Globo. Queremos no ano que vem fazer outras pequenas edições do FRAPA em diversas cidades do Brasil e diferentes países. Até porque queremos aproveitar a localização geográfica de Porto Alegre, espécie de capital do Mercosul, e cada vez mais afinar parcerias com nossos países vizinhos Argentina e Uruguai, bem como Chile, Paraguai, Colômbia, México e demais países da América Latina.

Quais as expectativas para a nova edição?

São as melhores possíveis. Estamos em um novo momento, antes realizávamos o FRAPA no período de novembro, como um evento independente, mas dentro da Feira do Livro de Porto Alegre. Agora sentimos que era hora de dar um passo a frente. Decidimos antecipar o festival para agosto e tudo leva a crer que foi uma decisão acertada, visto o enorme número de inscrições que já temos até agora. Estamos realizando um festival sem financiamento, na raça, mas estamos construindo uma grande edição, graças ao empenho e apoio de toda nossa equipe e de nossos parceiros.

Alguma observação pessoal que ache importe fazer sobre o festival?

Gostaria de convidar quem não se inscreveu ainda de fazer com urgência. As inscrições do pacote completo (leia-se participar do Concurso e da Rodada de Negócios) encerram no dia 10 de julho, bem como a mostra de curtas. Depois, só o pacote básico, que permite assistir a todas atividades. E curtam a página do FRAPA no facebook, ali diariamente publicamos novidades e nessa semana vamos postar algumas pílulas das edições passadas, pra deixar já um gostinho do que vem pela frente.

A Tertúlia Narrativa agradece a disponibilidade e atenção de Leo Garcia e de toda equipe FRAPA. Maiores informações no site: www.frapa.art.br e na página do FRAPA no Facebook.

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