Frequentemente vemos por aí afirmações que se definem como verdades absolutas acerca da formatação de um roteiro, só que a maior parte delas passa longe da realidade.
Profissionais trabalham com Final Draft
Até alguns anos atras, isso poderia ser uma verdade quase que absoluta, por conta de sua comunicação direta com o software de produção Movie Magic. E em tempos em que não era possível trabalhar online e simultaneamente com seu parceiro de escrita, o uso em comum do mesmo software era uma medida quase obrigatória. Com a popularização de outros softwares, o Final Draft ainda carrega o slogan de “o padrão da indústria”, mas não é uma unanimidade. Hoje, diversos softwares estão no mercado com valores acessíveis ou mesmo gratuitamente, alguns permitem escrita colaborativa, outros já permitem uma analise técnica de produção do roteiro e por aí vai. Você pode até colocar a extensão Fountain no Google Docs ou no Word e escrever o seu roteiro dentro da formatação em um editor de texto padrão. Inclusive, vale a pena você trabalhar com softwares diferentes respeitando as necessidades de cada projeto.
O software vai fazer a formatação para você
Muito se engana quem acha que o software faz a formatação para o roteirista. O software é meramente uma ferramenta que agiliza o processo de formatação. Então não adianta achar que você vai jogar um texto no programa e ele estará corretamente formatado. A formatação de um roteiro envolve muito mais do que os alinhamentos, margens e espaçamentos corretos. Não adianta estar com a margem correta e não saber a diferença de quando usar Voice Over (V.O) ou Off Screen (O.S). Não adianta ter cabeçalhos corretos e uma descrição de cena infilmável. Então, formatação é mais do que o software faz sozinho!
Formatação não é importante, o importante é ter uma boa história
O mais importante em um roteiro é uma boa história. Nós concordamos! Acontece que a formatação do roteiro foi definida justamente por praticidade de leitura e para a produção. E um roteiro bem formatado é o mínimo que um profissional deve apresentar. Mínimo. Então, não adianta ter preguiça e dar a desculpa que o que importa para você é a história. Ótimo, para qualquer bom profissional também. Isso não deve impedi-lo de apresentá-lo dentro do padrão utilizado por todos os outros roteiristas do mundo.
Uma página, um minuto
Essa é uma pegadinha. O padrão Master Scene foi pensado justamente para auxiliar na minutagem do futuro filme. Então, uma página equivaleria a um minuto. Regras tem exceções? Sim. Aqui, as exceções são para roteiros mais contemplativos e a comédia sitcom. Nos roteiros contemplativos, a duração do filme pode ser superior ao número de páginas do roteiro, justamente por seu ritmo mais desacelerado. Nas comédias, o caso é justamente o contrário. Como algumas comédias trabalham com um ritmo mais afiado é comum que as cenas tenham muitos diálogos. Os diálogos costumam ser mais longos ( porque em geral, pressupõe a construção de uma gag) ou intercalados entre vários personagens, criando um ar frenético. Na comédia também se costuma trabalhar com um número maior de cenas. Tudo isso acaba resultando em roteiros mais extensos, mas não quer dizer que o roteiro foi pensado para uma duração maior do que a programada pelo roteirista. Por isso é comum pegar roteiros de sitcoms Single Cam ( se você não sabe o que significa, leia este Artigo) que tem episódios com 22 minutos de duração, mas os seus roteiros contam entre 30 à 40 páginas. Exemplos aqui e aqui.
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